segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Perdoando Deus"




Dentre alguns livros que ando lendo pra ver se o sono me visita, está o livro de contos da Clarice Lispector, "Felicidade Clandestina". Já tinha lido diversos livros dela, mas ela nunca foi minha predileta.

No começo, eu achava estranho como ela conseguia ser tão feroz com suas palavras, fazendo eu me sentir realizada a cada frase perfeita, com palavras perfeitas, colocadas de maneira digna de cada qual. Impressionante, devo dizer.
Mas no final, eu sempre sentia um vazio... achava seus finais ruins, me parecia uma hirtória "inacabada" (oh, dó de mim)... até que cheguei no conto "Perdoando Deus".

Achei esse conto tão meu, tão parte de mim que eu, uma simples leitora, não preciso de mais nenhuma palavra de Clarice pra ela me conquistar.

Um trecho que quero dar a vocês de presente:



"(...)Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus"é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e o meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou uão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta do que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, ele não existe."
...
é.

Um comentário:

Laís Bueno disse...

http://www.claricelispector.com.br - vc vai amar!