Silêncio

Chegou a hora de calar.
Chegou a hora de observar e arrumar a casa.
Chegou a hora da organização, de ver o que se juntou, o que conquistou, o que se aglomerou.
O que deve continuar? O que deve ser retirado? O que invadiu e nem percebemos o espaço que ocupou?

Parece que Deus está nos dando esse tempo de avaliação, para novamente nos reconhecermos e nos encontrarmos novamente. 


Sempre haverá um resquício daquelas velhas historinhas, dos velhos contos confusos que usam para tentar nos confundir com textos adulterados ou mal contextualizados, a mercê de nossa própria interpretação duvidosa.

São tantas ovelhas pelo mundo, confusas com o sistema implantado dentro da nossa cultura, que a cada dia fica mais difícil achar sentido na junção que estão fazendo para definir a fé tão grande que temos em Deus, o Criador de todas as coisas. Ou seria melhor dizer que estão diminuindo e mediocrizando a mesma, na tentativa de continuar a disseminar o domínio e o controle sobre nossas mentes que sofreram tantas manipulações desde sempre?

São tantas pessoas cheias de si usando JESUS, buscando os próprios interesses, tal qual uma guerra sangrenta. Coisa tenebrosa de se ver, de compreender, e logo vem o medo dos ditadores que usam golpes baixos, usam a Deus de uma forma tão leviana. Sendo assim, fica até difícil avaliar dentro de nossos próprios padrões que, muitas vezes, já foram há muito tempo estabelecidos por outros, implantados em nossas mentes sem que percebêssemos, sem podermos fazer nada por estarmos de mãos atadas, limitados e dependentes de alguma forma.

Então não há saída? Mas é claro que há. A humildade sempre foi e sempre será a resposta para todo ser humano avaliar a própria filosofia de vida.

Chegou a hora de questionarmos as motivações e o que está por trás de tudo que já ouvimos. Chegou a hora de dizermos adeus ao medo e nos importarmos com a nossa própria existência e seu propósito. Está na hora de escolhermos o que devemos ouvir e confiarmos na força que nos move de dentro de nós, pois temos a marca da eternidade em nosso DNA e disso não podemos duvidar. Não podemos mais temer o conhecimento, não podemos mais aceitar meias verdades, não podemos mais aceitar as heresias e as ignorâncias que nos fazem engolir para que nos contentemos com respostas prontas, para que nos acostumemos a não pensar, algo tão prazeroso para nossa alma. Muitas angústias provém da falta de conhecimento, muito da nossa ansiedade diária vem do vazio das soluções sem sentido. Se aceitamos tudo isso, então não podemos culpar a ninguém a não ser a nós mesmos.

Eu escolho regressar, estudar a história das coisas, escolho voltar para o essencial... para a simplicidade. Escolho dizer não para o meu ego e sim para o meu espírito. Muitas vezes fiz o contrário, mas a minha consciência de hoje não me permite mais fazer essa escolha sem que eu sofra profundamente. E quem é que gosta de provocar sofrimento a si mesmo, senão pessoas destrutivas ou inconscientes de si?

Chega de vozes confusas se cruzando em meus ouvidos. Chega de argumentos vazios na minha porta. Não podemos estar a mercê do mundo e suas artimanhas. É necessário que saiamos do lugar comum, de onde é confortável, se quisermos fazer nossa parte, e isso primeiramente como um compromisso com nossas próprias vidas. Isso, se quisermos diminuir o sofrimento que move a Terra e matar o ego egoísta. E eu sei que muitos querem dizer adeus para certas angústias, mas poucos querem lavar a alma para isso.

Não há evolução sem renúncia,  meu caro. Não há purificação sem humildade, amigo de Deus. E só nos reconheceremos como parte do rebanho, se no momento nos calarmos. Se organizarmos a casa. Se retirarmos os entulhos. Caso contrário, continuaremos fazendo parte dessa grande peça cômica melodramática de teatro, cheia de maldade e duplicidade com gosto de sangue inocente.

É tempo de orar.
Não para falar.
Mas para ouvir.




Silêncio.